sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Meu signo é jumento!

               -Deixa eu falar uma coisa pra você, não existe essa porra de destino! Isso é uma coisa que pessoas imbecis usam como desculpa, para não se responsabilizarem pelas cagadas que fizeram na vida.
                Ela olhou para mim com olhos marejados. Isso partiu meu coração, mas era minha responsabilidade dar um choque de realidade nela. - Perdão acabei me exaltando. - É a primeira vez, em anos, que tenho uma conversa com minha filha.
                Logo que me separei da minha mulher, Barbara me visitava a cada 15 dias. Depois chegou a adolescência e ela decidiu que era mais importante está com os amigos. Não a culpo. Jovens precisam estar com outros jovens.  Mas pela influência da mãe, acabei sendo culpado pelo afastamento.
                -O que você vai fazer?
                - Não sei...
                Minha ex-mulher enfiou um monte de besteiras na cabeça da garota, destino por exemplo, astrologia, signos...  A menina aprendeu que tudo na vida depende da hora e dia em que nasceu. E toda vez que faz uma péssima escolha, culpa o destino.
                - Eu amo o Carlos... - ela me  diz, num sussurro quase imperceptível.
                Quando conheci o noivo da minha filha... É, eu disse noivo, não o conheci como namorado, quando ela resolveu  me apresentar o Carlos, já eram noivos. Depois, só o vi de novo no casamento... Bem, quando o conheci disse para ela observá-lo  com atenção e não se precipitar. - Você é um  imbecil, minha mãe tem razão. - Foi a resposta que recebi por dar um conselho.
                -E você acha que vale a pena tentar salvar o casamento?
                -Não sei... Tem o Rafa, não quero que ele cresça sem pai.
Respiro fundo. Minha vontade é de dizer "Eu te avisei, menina". Mas não posso. Ela me procurou, porque sabe que posso clarear seu caminho de uma maneira que a mãe dela não pode. Não sou expert em traições, mas se eu encontrasse minha mulher na cama com outro, estaria tudo acabado. - E crescer num ambiente de constante desconfiança, vai ser melhor pro garoto? - Pergunto. Ela arregala os olhos, recosta no meu ombro e chora como uma criança.
                - As vezes precisamos abrir mão do que amamos. Não é o destino ou coisa parecida. É a escolha de qual o tipo de vida queremos levar. Certos relacionamentos nos trazem uma sobrecarga emocional que se torna um malefício... - Ainda estou falando, quando ela me dá um beijo no rosto e diz - Obrigada, papai! - e sai  porta a fora.

                Esse beijo foi um prêmio que não recebia há anos.   

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