O relógio marca cinco para meia-noite, é sem dúvidas o pior
fim de dia que eu já tive em anos, quando tudo o que você tem em mente, todas
as expectativas vão por água abaixo em questão de minutos e você sente que o
mundo não é um lugar legal.
O relógio marca agora quatro para meia-noite, e copo de whisky
parece um passaporte para o paraíso, a bebida desse cortando minha garganta, é
uma sensação de dor e prazer, ambos de mãos dadas caminhando pela estrada
vermelha com um único objetivo, não me deixar sóbrio, fazer-me esquecer dos
problemas para que eu tenha uma sensação falsa de conforto.
O relógio marca três para meia-noite e a bebida não funciona
da maneira que eu esperava, uma lágrima
brota no canto de um dos meus olhos e resolve correr pelo meu rosto, a sensação
de dor da bebida funcionou e novas lágrimas brotam.
O relógio marca dois para meia noite, a dor e as lágrimas
parecem ser amigos bem íntimos, eles ficam conversando durante esse minuto
enquanto meu relógio faz tic tac, eu deixo o copo de lado e resolvo enxugar as
lágrimas, esse não é o caminho.
O relógio marca um para meia noite agora, com uma sensação
de derrota fico encarando o último minuto desse dia, olhando calmamente o tic
tac e torcendo para que esse dia termine logo.
Então eu me lembro de
um sorriso faltando vinte segundos para meia-noite, um sorriso mágico e
espontâneo, um sorriso que tive o prazer de ver mais de uma vez nesse dia, um
sorriso que foi capaz de eu querer
durante esses vinte segundos que meu dia
não terminasse, e durante esse pequeno espaço de tempo eu tive a sensação de
estar sorrindo, e quando finalmente deu meia-noite, sem que eu percebesse já
tinha dado meia-noite cinco, sem dúvidas, foi o melhor fim de dia que já tive
em anos, obrigado pelo sorriso.
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