Marrie se deparou com essa pergunta durante uma conversa com
seus amigos. Ela não sabia o que responder, então decidiu pegar outra cerveja.
- Talvez o álcool me ajude a responder essa.
Enquanto ela caminhava para o bar, uma voz surgiu sussurrante
em seus ouvidos.
-Sim... Ele vai te ajudar.
A voz era áspera e desconfortável, do tipo bastante desagradável.
Marrie olhou a sua volta, mas não conseguiu localizar a origem. Aquelas palavras
ficaram em sua cabeça durante boa parte da noite, na hora de ir embora elas não
passavam de uma vaga lembrança. Marrie recusou a carona e decidiu levar o carro
sozinha, segundo ela, foram apenas 5 latinhas, ela estava perfeitamente bem.
“Trânsito é uma coisa muito séria, não pode haver
distrações, eu nunca gostei de rádios em carros, eles só atrapalham” A mãe de
Marrie repetia essa frase ao menos umas três vezes durante as reuniões de família.
E ela estava absolutamente certa. Pelo menos dessa vez. Ao ligar o rádio com o
carro ainda no estacionamento, ele começou a chiar bastante, até que a mesma voz
do bar surgiu.
- Marrie... Qual o seu maior medo?
Nervosa, ela desligou o rádio na mesma hora. Não perdeu
tempo e saiu logo daquele lugar de uma maneira pouco prudente. Entretanto, a
direção álcoolizada de Marrie não durou muito tempo. Foi uma fração de
segundos, a distração mínima, e Marrie não prestou atenção no carro
desgovernado que vinha em sua direção. Ao tentar desviar ela bateu de frente
com um caminhão que vinha na pista ao lado. O carro de Marrie capotou cinco
vezes. Ela só foi acordar no hospital 3
dias depois.
E mesmo depois de quase um mês internada, a voz do rádio não
saia de sua cabeça, muito menos a voz no bar.
Durante sua última noite no hospital, Marrie foi acordada
por uma voz bastante familiar.
- Acorde... Precisamos conversar.
Não existe sensação na terra que descreva o que ela sentiu
naquele momento, o pânico a dominava por completo, ela escondeu a cabeça dentro
do cobertor e ficou rezando para a “coisa” ir embora de uma vez. Não deu certo,
e ele voltou a falar.
- Fizeram uma pergunta para você naquela noite e eu fiquei
curioso pela resposta.
-Qu a a a, qual perr per gunta...??
A voz de Marrie era baixa e quase inaudível, mas a criatura
a entendia muito bem.
- Qual o seu maior medo?
Nenhum som.
-Mo mo mo mo...rrerr
A criatura também ficou em silêncio por um tempo.
- E foi preciso quase morrer para descobrir? Estávamos certos, o álcool ajudou.
Essa é uma pergunta realmente injusta. O medo pode se manifestar
das mais diferentes formas durante a vida. Você pode até dizer que não tem medo
de morrer, mas ao se deparar com uma situação de perigo, o medo de perder a vida
e deixar tudo para trás vem à tona. Naquele momento ele se torna o maior medo
da sua vida. Mesmo que você tenha outro.
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