Você acredita em fantasmas?
O dono do hotel me fez essa pergunta na recepção, logo após
me dar as chaves do quarto, eu olhei para ele com uma cara de surpreso, simplesmente
não sabia o que responder. Isso é, até
agora.
Eu não sei de onde ela surgiu. Ao sair do banho, me deparei
com uma mulher de vestido branco e longos cabelos negros sentada na lateral da minha
cama. Caminhei lentamente em direção a ela, até que eu ficasse de frente. Ela
estava imóvel, seu rosto estava desfigurado, cheio de feridas, seus olhos negros
estavam fixos no nada, como se pudessem enxergar através de mim, mantive certa
distancia dela.
- Oi? Quem é você? Como entrou aqui?
- Isso não é importante Jhonny, já se esqueceu de mim?
A voz dela era sussurrante e me causou calafrios, afinal,
quem diabos é essa mulher? Como ela entrou no meu quarto?
- Vou chamar o gerente.
Foi então que eu tive a segunda surpresa da noite, a porta simplesmente
não abria, a chave não girava e a maçaneta estava fixa.
- Não vai funcionar Jhonny.
A voz continuava sussurrante, quando olhei para trás assustado,
ela não estava mais lá. Foi então que bati forte na porta e gritei se havia
alguém no corredor.
- Ninguém vai ter escutar Jhonny.
Ela surgiu do meu lado, e olhou tão profundamente dentro dos
meus olhos, que foi como estar lendo minha alma, minha espinha congelou, o
terror e o pânico tomou conta de todo o meu ser, foi o mais terrível dos
calafrios que eu já senti.
- Por que a matou, Jhonny?
Então eu a reconheci.
- Ou melhor, por que me matou Jhonny?
- Helena...
- Qual sentido em tirar minha vida Jhonny?
Sua voz continuava sussurrante, enquanto a minha se recusava
a sair, era como se um bolo estivesse preso na minha garganta, uma vontade
insana de gritar e não poder, era como estar preso em um pesadelo, implorando
para acordar a qualquer momento.
- Minha morte te fez
feliz Jhonny?
Eu corri em direção a janela desesperado, mas ela também estava
trancada, e ao olhar para trás, Helena já havia desaparecido de novo.
- Jhonny...Jhonny...Jhonny... Do que tem medo Jhonny?
- DE NADA!!!!
- É feio mentir Jhonny.
Eu já não tinha mais pernas e meu coração bombeava medo nas
minhas veias, era o pior sentimento que eu já tive em toda minha vida.
- Até quando vai fazer isso comigo???
- Para sempre, Jhonny. Você vai conviver com esse sentimento
para toda a eternidade.
Então cai de joelhos e comecei a chorar.
- Me perdoe... eu imploro...
- Jhonny... não quero sua humilhação, quero seu sofrimento.
Ela surge na minha frente de novo, eu me levanto o mais rápido
que consigo e vou em direção a minha mala, puxo a minha 38 e disparo cinco
vezes nela. O vestido outrora branco, se transforma em vermelho sangue, mas
Helena não cai, ela continua imóvel, e com sorriso de satisfação no rosto.
- O mesmo Jhonny, a mesma 38, os mesmos cinco disparos. Diga-me
Jhonny, o que vai fazer com a última bala dessa vez? Vai tomar a decisão
correta?
Eu olho para a arma e olho para Helena, que vem caminhando
lentamente em minha direção, dou uma olhada para janela e vejo dois policiais
do lado de fora parados, impossível de não terem escutado os disparos. Volto o
olhar para frente e Helena já está face a face comigo, ela firma a minha mão
tremula e guia a arma até minha cabeça, se aproxima um pouco mais e sussurra no
meu ouvido.
- Puxe.
Então a vida de Jhonny chega ao fim com um disparo. Helena
se abaixa, da um beijo em Jhonny e sussurra novamente em seu ouvido.
Jhonny...Jhonny...achou que se livraria de mim com tanta
facilidade? Você não vai morrer, vai viver para sempre comigo nesse quarto,
ninguém vai te escutar gritar, ninguém virá te socorrer, seremos apenas eu e
você, felizes para sempre, agora acorde dorminhoco, eu quero brincar.
Os olhos de Jhonny se abrem, e é possível ver o terror
passando por eles...
deu até calafrios em algumas partes.
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