domingo, 8 de março de 2015

Natureza Morta

Essa história aconteceu a 12 anos atrás...
O pânico tomou conta de todo o meu ser naquele dia, ao correr pelas ruas desesperado, tinha a esperança desse sentimento diminuir, mas sou frustrado logo em seguida, começo a gritar, mas os meus gritos são abafados pelo som da chuva que cai sem trégua,  me encosto em muro e começo a chorar, me pergunto algumas coisas, me questiono, olho para os céus e questiono mais.
- Eu tenho mesmo que morrer?

Fiquei em pé na chuva por meia hora esperando a minha resposta, mas ela não veio. Quando a chuva passou, prossegui com minha caminhada e decidi cortar caminho por um velho parque que a prefeitura deixou de cuidar faz muito tempo, está completamente destruído, observei um balanço e decidi me sentar ali, mesmo molhado, me sentei e fiquei observando  o que um dia foi um paraíso cheio de vida, as árvores nada mais são do que pedaços de pau retorcidos e sem espirito, o capim tomou o lugar da grama, já os brinquedos estão dominados por ferrugem e tinta descascada. A natureza aqui está completamente morta, assim como a minha. Decidi me levantar e continuar minha caminhada, passei por mais alguns brinquedos até ouvir um barulho estranho que estava saindo de trás de uma árvore, era um filhote de cachorro, um vira-lata, nas cores brancas e caramelo, era incrível que no meio de todo aquele lixo, estivesse algo tão dócil e inocente como um cachorro, ao olhar nos seus olhos, todo o pânico que estava tomando conta de mim passou, todo aquele nervosismo e ansiedade haviam sumido, eu vi que ele precisava de mim, precisava que alguém  cuidasse dele, e eu precisava dele para cuidar de mim. Traze-lo para casa foi a decisão que salvou minha vida, ele me ajudou a curar o meu câncer, de repente eu não estava  mais sozinho, de repente eu tinha alguém, eu tinha um amigo, um amigo que não está mais comigo, e que salvou a natureza morta que existia em mim, enchendo ela de vida.  

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