segunda-feira, 4 de julho de 2016

Anne



O Coração acelerado.
A sensação ruim.
E a queda.
Acordei.

Levo aquele susto onde quase caio da cama. Minha mão vai imediatamente ao meu peito, parece que meu coração vai explodir de tão rápido que ele bate. Olho para o lado e vejo que Anne não está lá, verifico o relógio em cima da mesinha e ele marca três da manhã. Levanto e saio para procura-la, a casa é grande e antiga, está localizada no alto de uma colina, herdei do meu tio faz menos de um ano e ainda estamos tentando nos acostumar a viver nela. Não encontro Anne no banheiro do segundo andar, nem na cozinha do primeiro. Continuo caminhando pela casa quando começo a sentir  uma onda de frio, aparentemente alguma janela ficou aberta, ou no caso a porta, como acabo de ver, a porta da sala está aberta até o canto e o vento grita para dentro da minha casa. Ao sair, o ar gelado consome todo o meu corpo, fazendo meus pulmões gritarem de tanta dor. Mas nada doeu mais do que ouvir a voz de Anne pedindo socorro logo em seguida. Fui guiado pelos seus gritos até encontra-la.
A casa foi construída na beira de um precipício, não sei a exatidão da altura, mas a queda é fatal, embora não faça diferença nesse momento. Anne já está morta.  

Novamente meu coração acelera. Tenho uma sensação ruim. E vejo a queda.

Anne caiu. Foi jogada do alto do abismo. Mas não acordo.

Uma figura de capuz preto está parada na beira do precipício, sua mão direita segura uma faca que está suja de sangue, o sangue de Anne. Então a figura olha para trás e me vê, mas não consigo ver seu rosto, ela caminha calmamente em minha direção, mas minhas pernas não respondem, não consigo andar, não consigo correr, não consigo gritar, não consigo nada. A faca pinga o sangue de Anne nas minhas terras, as terras que já foram do meu falecido tio. A criatura me pega pelo pescoço e enfia a faca no meu peito.

Meu grito ecoa pelo quarto e Anne acorda assustada. Estou suando frio e com o coração acelerado, Anne me traz um copo com água e eu lhe conto sobre o pesadelo, conto que não conseguia acordar. Então ouço uma voz rouca.

- Quem disse que você acordou?

No lugar de Anne está afigura de capuz preto, eu caio da cama e corro, desço as escadas quase caindo, abro a porta da sala e continuo correndo sem rumo até chegar na beira do precipício novamente, e quando chego lá, a criatura de capuz já está a minha espera. Ela caminha em minha direção novamente, joga o capuz no chão e a luz do luar revela que que Anne é a criatura, eu caio de joelhos e não sei o que dizer, mas Anne sabe.

- Você sentiu prazer me matando e me jogando nesse precipício uma vez, agora eu sinto prazer te jogando nele eternamente, você nunca vai acordar meu amor.

Anne me pega pelo pescoço e meu  coração acelera. Tenho uma sensação ruim, então eu caio.


E acordo...

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