E cá estou eu, viajando mais uma vez na minha varanda, nessa
noite quente de verão, esperando que algum vento milagroso encontre essas belas
árvores em meu quintal e me presenteie com uma maravilhosa brisa, será que é
pedir muito? Nunca sei qual seria o limite, o que é pedir demais? uma morte
tranquila talvez, mas que diabos seria uma morte tranquila? Procuro em meus
bolsos o cigarro que meu vizinho me dera hoje a tarde, se minha filha souber
disso, ela vai me matar antes do próprio cigarro, mas eu prefiro uma morte
parcelada em suaves prestações de tabaco, que ouvir os sermões sem parcelamento
algum, isso me mata, a pior coisa que existe são pagamentos a vista.
Afinal, é tão difícil ter uma morte
tranquila? Eu poderia dormir e não acordar mais, só que eu fico na dúvida, se eu
morrer dormindo, eu ficaria preso nesse sonho por toda a eternidade? E se o
sonho for ruim? Em contra partida, pode ser que o sonho seja bom, são 50% de
chances, mas como a sorte não costuma ser minha fiel amiga, é capaz dela me
deixar na merda até na minha morte, o melhor mesmo é cair de um avião, imagine
só, toda essa emoção, não é uma morte tranquila eu sei, mas pensando bem, acho que a adrenalina seja o melhor sentimento a se sentir antes de morrer, mas
então encontro outro problema, eu poderia enfartar com a queda, o que deixaria
muito frustrado, seria normal e sem
graça, não valeria a pena derrubar um avião se não puder curtir a minha morte,
seria melhor eu me jogar de uma ponte ou na frente de um caminhão, porém seria
algo bem deprimente, uma pessoa positiva como eu sou, que sempre pensa coisas
boas, não iria combinar com um suicídio, fora que eu teria que escrever uma
carta de despedida, esquece, muito trabalhoso e emotivo demais. Então do nada,
enquanto eu apreciava meu delicioso cigarro e pensava na vida, meu celular vibrou,
o que eu achei bem estranho, quem manda mensagem para um homem de 60 anos quase
meia noite? A mensagem me causou calafrios, era a pior coisa que eu poderia ler
naquela noite, “apague esse cigarro e vamos conversar pai” sim, esqueci que o
quarto dela ficava em cima da varanda, enrolei tanto com minhas suaves
prestações de tabaco que agora terei que ouvir sermões a vista, essa síndrome
de Casas Bahia não me deixa.
Vc viaja mt. Kkkkkkkkkkkkkkk
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